7 de maio de 2024   
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CENTRO DE AVIAÇÃO NAVAL DO MONTIJO

A colaboração dos aviões com os navios, no exercício das suas fundamentais missões, tornou-se uma necessidade inelutável. Por tal razão, considerou o Governo, a par do desenvolvimento das forças navais de superfície, o das forças aéreas da marinha, aprovando um programa de armamento de quatros esquadrilhas.
As instalações da aviação naval do Bom Sucesso, criadas com carácter provisório mas que o andar dos tempos parecia querer tornar definitivas, não dispõem das mais elementares condições para servir tal armamento. Por isso se decidiu construir um novo centro de aviação naval, em substituição do velho e inadequado Centro do Bom Sucesso.
O Ministério da Marinha escolheu para sua localização a península de Montijo – vasta língua de areia com mais de 500 hectares de terreno, banhada ao norte pelo próprio Tejo e a oeste e a sul por canais que o estuário do rio forma naquela zona –, depois de se certificar das boas condições de salubridade da região, da possibilidade de captação de boa água potável, da excelência dos terrenos e de outros requisitos técnicos para a construção.
Plano, desimpedido de elevações ou obstáculos em todas as direcções do horizonte, com terrenos permeáveis, óptimos para a construção de pistas terrestres, com magníficas pistas líquidas naturais, o local é, na realidade, excelente para o estabelecimento de um aeródromo, especialmente de forças aeronavais,
Com base nos estudos elaborados pelo Ministério da Marinha, a Comissão de Obras da Base Naval de Lisboa elaborou rapidamente os projectos e pôde começar as obras marítimas logo em 1940.
Realizou-se em primeiro lugar o aterro da zona marginal oeste e sul da península, de cerca de 50 hectares de superfície, com areias dragadas na chamada Coroa da Aperta, no volume aproximado de meio milhão de metros cúbicos. Seguiram-se-lhe os trabalhos de defesa das margens, por taludes empedrados de mais de 4 quilómetros de extensão, e as obras propriamente destinadas à função da base aeronaval: ponte-cais, rampas para o movimento de hidroaviões entre o terrapleno e o mar, cais para o aparelho de içar aviões avariados e cargas pesadas, dragagens para regularização da pista líquida do canal do Montijo, etc.
Ainda no decurso das obras marítimas iniciaram-se as terrestres com a terraplanagem do campo de aterragem e da zona da implantação das futuras instalações do Centro: hangares para hidroaviões e para aviões de rodas, sede do comando, casas de oficiais e de sargentos, casernas, refeitórios e outras instalações necessárias a um centro de aviação naval moderno. Este trabalho comportou a regularização de cerca de 220 hectares de terreno, com a movimentação apenas de meio milhão de metros cúbicos de areia, dada a planura da península.
Para a construção das instalações terrestres admitiram-se duas fases: a primeira para as exigências de duas esquadrilhas e a segunda para as das outras duas restantes. Grande parte das obras têm, porém, na primeira fase a sua expressão definitiva, por serem, de certo modo, independentes do número de aviões.
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A construção das pistas de aterragem, presentemente bastante avançada, está a cardo do Ministério das Comunicações, recentemente criado por desdobramento do antigo Ministério das Obras Públicas e Comunicações, para se aproveita a experiência adquirida em trabalhos de tal natureza pela Direcção Geral da Aeronáutica Civil (Direcção dos Aeródromos).
Espera-se que a 1.ª fase do projecto esteja concluída no fim do próximo ano e que nessa altura a aviação naval já possa ter transferido grande parte dos seus serviços, hoje estabelecidos no Bom Sucesso e na Portela de Sacavém.
A realização desta grandiosa obra, que porá à disposição da marinha de guerra uma magnífica base aeronaval com todos os requisitos modernos, deve custar, na sua 1.ª fase, excluídas as pistas de aterragem, cerca de 56.000 contos!
(Continua)

(Parte LXXVII de …)


15 Anos de Obras Públicas – 1.º Vol. Livro de Ouro 1932-1947 (077)

(Fonte: 15 Anos de Obras Públicas – 1.º Vol. Livro de Ouro 1932-1947 – BASE NAVAL DE LISBOA – Joaquim de Sousa Uva – Capitão de Fragata – Presidente da Comissão de Obras da Base Naval de Lisboa)

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