6 de maio de 2024   
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Cabe-me a honra de colaborar na presente obra com algumas notas sobre a construção dos Hospitais Escolares de Lisboa e do Porto e do bloco hospitalar e Escola de Enfermeiras do Instituto Português de Oncologia, trabalhos estes a cargo da Comissão Administrativa dos Novos Edifícios Universitários, para esse fim criada e da qual faço parte. Para que essa Comissão pudesse levar a efeito as importantíssimas construções que tinha por objecto, e para que tão complexas obras pudessem ser convenientemente estudadas e orientadas, criaram-se três comissões técnicas, uma para o estudo dos citados Hospitais Escolares, outra para o dos novos edifícios universitários de Lisboa e a terceira para o estudo das novas construções do Instituto Português de Oncologia, comissões estas presididas a primeira e a terceira pelo eminente professor Dr. Francisco Gentil e a segunda pelo reitor da Universidade de Lisboa.
A orientação seguida pela Comissão Técnica dos Hospitais Escolares para a resolução de tão vasto e complexo problema é focada, neste mesmo livro, pelo seu ilustre presidente. Passo, por isso, a circunscrever-me ao aspecto da sua realização.
O volume ou vulto destas construções hospitalares é por tal forma considerável que julgo dispensado de referenciar pormenorizadamente as enormes dificuldades que foi necessário vencer para as levar a bom andamento, tão evidentes elas serão para quem compreender o que é realizar, mormente no período anormal e difícil que temos atravessado nesta última década.
Importa considerar, no entanto, que não se trata apenas de obras muito grandes - o que já constituiria dificuldade -, mas sim de construções que têm ainda muito mais de complexo que de grandeza. E se a concepção baseada no conhecimento profundo de tão difícil matéria é fundamental e tem de atender aos mais delicados aspectos, a sua realização em determinado local e em determinada época impõe à organização e à técnica da construção muitos problemas difíceis de solucionar.
Focando especialmente o Hospital Escolar de Lisboa - de que o do Porto é uma réplica - e para os quais o bloco hospitalar do Instituto Português de Oncologia foi campo fundamental de estudo e trabalho, notamos que nele haverá instalações para o internamento de 1.500 doentes, para toda a Faculdade de Medicina, consultas externas de todas as especialidades, serviços de urgência, isolamento, serviços centrais, pessoal, etc., e que todos estes serviços devem ser instalados de forma a permitir um funcionamento simultâneo e harmónico, integrando-se e completando-se na sua colaboração, em ordem a facultar um bom rendimento do trabalho.
Centenas de estudantes terão, por outro lado, de atingir todos os locais de estudo e ensino, teórico e experimental, quer no Hospital, quer na Faculdade de Medicina, sem qualquer perturbação dos serviços. Os doentes internados, convenientemente assistidos, devem também poder receber as suas visitas sem qualquer prejuízo para o sossego indispensável ao estabelecimento, e os externos deverão, outrossim, poder utilizar, além das consultas, as instalações de tratamento, agentes físicos, etc., em parte comuns aos doentes internos, sem que se verifiquem interferências prejudiciais.
É, pois, evidente a necessidade de circulações apropriadas, quer horizontes quer verticais, para pessoas e coisas, com grande desenvolvimento e judicialmente dispostas.
O projecto, que foi elaborado pelo arquitecto Hermann Distel em colaboração com a Comissão Técnica dos hospitais escolares, atendeu com mestria a todas estas exigências, concretizando-se na disposição que, de maneira muito sucinta, a seguir se descreve:
Dois corpos longitudinais de grande extensão, a que chamamos corpo sul e corpo norte, ligados por três alas transversais, formando um conjunto com um total de dez andares. Os corpos longitudinais são rematados nos seus extremos por quatro construções com onze pisos, cada uma das quais corresponde a um serviço especial, com vida própria, embora abastecido pelos serviços centrais comuns.
(Continua)

Parte LI de …)


15 Anos de Obras Públicas – 1.º Vol. Livro de Ouro 1932-1947 (051)

(Fonte: 15 Anos de Obras Públicas – 1.º Vol. Livro de Ouro 1932-1947 – Novos Edifícios Escolares. Hospitais – Fernando Jácome de Castro - Vice-Presidente da Comissão Administrativa dos Novos Edifícios Universitários)

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