29 de março de 2024   
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O dia I de Junho inicia-se com o abandono do Palácio de Belém pelo dr. Bernardino Machado que, pelas 5 horas da manhã, vai para o seu palacete da Cruz Quebrada.
Também de madrugada chegam à Amadora, onde está o comandante Cabeçadas, que nas véspera tinha convidado, em vão, várias pessoas, algumas com responsabilidades políticas, para, fazer parte do Governo da sua presidência, o major Pedro de Almeida, delegado do general Gomes da Costa e representante da 5.ª Divisão Militar (Coimbra), e o capitão Bragança Pereira e tenente José Romão, que tinham ido ao Norte como delegados do Presidente do Ministério conferenciar com o Chefe da Revolução. Celebra-se então uma reunião em que tomam parte Mendes Cabeçadas, o coronel Oliveira Gomes, comandante da Escola Prática de Infantaria de Mafra, que tem o comando das forças aquarteladas na Amadora, e outros oficiais. Ante a atitude já manifestada por Gomes da Costa contra Cabeçadas, resolve-se que este siga ao seu encontro para Coimbra.
O Diário de Notícias publica também uma entrevista histórica, em que o dr. Bernardino Machado explica as razões da sua atitude. Declara então:

«Os acontecimentos que se estão desenrolando vinham sendo preparados há largo tempo. Eu sabia-o e estabeleci o meu plano.
Chamei os chefes dos Partidos e ouvi-os. Em breve reconheci, porém, a necessidade de organizar um Governo Nacional, constituído por pessoas que, alheias embora aos partidos, tivessem a sua confiança.
«Surgiu o levantamento de Braga. Enquanto se tratava dum simples caso de ordem pública, julguei do meu dever dar toda a força ao Governo, para mantê-la. Mas o conflito alastrou e o Governo julgou chegado o momento de demitir-se. Foi então que procurei escolher de entre os elementos que na revolução intervieram, aquele que oferecesse plenas garantias de republicanismo (Tanto republicanismo que o seu primeiro acto foi assinar com Bernardino Machado um decreto reconhecendo cerca de duzentos novos revolucionários civis) - o capitão-de-mar-e-guerra Mendes Cabeçadas, combatente do 5 de Outubro com uma larga folha de serviços ao regime, pelo qual tanto se tem sacrificado.
«Chamei-o a. Belém e ofereci-lhe a organização do novo Governo. Disse-lhe o que pensava. O gabinete da sua presidência realizaria aquela série de medidas julgadas indispensáveis a começar na reorganização dos serviços públicos, civis e militares que os políticos não haviam conseguido levar a cabo. Mas procuraria, sem dúvida, todos os meios para viver o mais constitucionalmente possível.

(Parte XLV de…)


A Arrancada de 28 de MAIO de 1926 (45)

(Fonte: Óscar Paxeco - 1956 – Resolve-se a reunião de Coimbra – As razões de Bernardino Machado)

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