23 de abril de 2024   
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Esta Junta resolveu nomear Governador Civil interino de Lisboa o tenente-coronel Ferreira do Amaral e extinguir a Censura à Imprensa, dar ordem às divisões militares e publicar decretos (?) no Diário do Governo.
Actuava, segundo alguns, por conta do sr. Álvaro de Castro e tinha como missão especial «pescar nas águas turvas» e tirar do Movimento o possível proveito para alguns políticos, ainda que adversários do Governo, mas homens dos partidos.
O Ministério, ao mesmo tempo que Gomes da Costa «arrancava» com a 8.ª Divisão, estabelecia uma tirânica censura à imprensa, fazendo afixar em várias esquinas da cidade de Lisboa, bem como nos principais centros da Província, uma «nota oficiosa» que dizia assim:

«Há sossego em todo o País. Apenas uma parte da guarnição de Braga está revoltada sob o comando do general Gomes da Costa. No Porto o sossego é absoluto. Foram organizadas duas colunas para seguirem para Braga, a fim de dominar os revoltosos. »
Logo na noite de 28 de Maio, promovida pelas Juventudes Monárquicas, se realizou uma grande manifestação contra o Governo, partindo-se no Rossio um enorme tacho de barro, símbolo do refastelamento partidário à mesa do Orçamento.
Seguro de que as afirmações do Governo estavam longe de corresponder a qualquer espécie de verdade (admite-se que a verdade tenha, por vezes, várias espécies), e eram patranhas totais e acabadas, o comandante Mendes Cabeçadas que «controlava» o Comité de Lisboa, resolveu tentar o golpe que lhe conferisse o Poder que, de facto e de direito, lhe não pertencia.
Então escreveu a sua histórica carta ao Presidente da República, sr. dr. Bernardino Machado, redigida nos seguintes termos:

«Lisboa, 29-5-926.
Ex.mo Sr. Presidente da República:

Os oficiais, representando a grande maioria do Exército, encarregam-me de comunicar a V. Ex.ª o seu veemente desejo de que a actual crise política seja resolvida, nomeando V. Ex.ª um Governo de carácter extra-partidário, constituído por republicanos que mereçam a confiança do país. O Exército fazendo este pedido está certo de que interpreta o sentir da Nação.
Subscrevo-me de V. Ex.ª Ven.

a) Comandante José Mendes Cabeçadas Júnior»

Mal recebeu esta carta, o dr. Bernardino Machado convocou para Belém os presidentes do Senado e da Câmara dos Deputados, bem como os chefes dos vários partidos políticos, com os quais conferenciou. Depois chamou também ao palácio presidencial o comandante Cabeçadas, ao qual pediu que o ajudasse a restabelecer a ordem.
Cabeçadas teria respondido que tal só seria possível desde que fosse demitido o governo democrático da presidência do eng. António Maria da Silva e entregue o poder ao Exército.
O Presidente da República recusou a solução proposta, por inconstitucional.
O conhecido oficial da Armada abandonou o Palácio de Belém, resolvendo, depois de se inteirar do que era a situação revolucionária na capital, que estava longe de ser favorável ao Movimento, tomar o caminho do Norte, na companhia do comandante Gama Ochôa, tenente-coronel Brito Pais e Lagrange.
Ao passar em Santarém, o coronel Choque, comandante de Artilharia 3, prendeu o chefe do Comité de Lisboa, e os seus companheiros.

(Parte XXVIII de…)


A Arrancada de 28 de MAIO de 1926 (28)

(Fonte: Óscar Paxeco - 1956 – Lisboa agita-se… - Uma proclamação-legenda certa da vida nacional)

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