28 de março de 2024   
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Tenho, como Duhamel, e porque as tenho visto, uma confiança moderada nas mesas, a cuja volta se reúne um projectado entendimento entre os homens.
Duhamel dedicou aos diplomatas que haviam celebrado tranquilamente o acordo respectivo – a cena delirante, por ele presenciada e descrita, do que em linguagem oficial se chama uma simples permuta de populações, e redundara num cortejo alucinante de desenraizados a morrer pelos caminhos.
Sabemos por experiência própria o que são essas mesas – onde se joga o futuro.
A conferência de Berlim, de 1885, por exemplo, reuniu numa delas a Europa contra nós.
Poderia haver-se jogado ali o nosso destino em África.
Felizmente que o nosso destino em África era – de ficar.
É difícil dizer, agora, como se fará Paz.
Haverá mesmo uma só paz, sincrónica, geral?
Acabarão ao mesmo tempo todas as guerras, de que esta guerra é feita? Reacender-se-ão logo, umas nas outras, as outras tantas guerras que esta guerra contém?
Seja como for.
O destino do homem é de estar em perigo.
A paz é como a saúde – um equilíbrio precário.
A paz é sempre feita, de resto, contra quem se não defendeu contra ela.
Se eu compreendi, logo que a anunciaram, o imperativo da «semana colonial», neste ano trágico – à beira da guerra e na véspera eventual da Paz – não vejo outro senão o de, em concentração recolhida, formularmos o balanço português.
Ver o que fizemos.
Ver o que nos falta.
Ver com o que podemos contar.
Ver o que não pode ser adiado, sem perigo.
Ou obedecendo melhor ao corte do balanço…
Ver onde estamos, do caminho andado.
Ver para onde vamos, no caminho a andar.
Para nos defendermos, até onde possível, por nós mesmos.
E se ainda há um vislumbre de consciência no mundo – para lhe podermos falar.
Eis a mensagem que no fecho da «semana colonial» e como súmula do que nela se versou – seria interessante redigir.
Só faltou escolher o redactor.
Fica, pois, sem se fazer essa alegação formal.
Já não é pouco para mim, se for capaz de pôr algumas notas sumárias com esse fito.

Lugar e destino de Portugal: a Nau e a Tormenta (03)

Lugar e destino de Portugal: a Nau e a Tormenta – conferência feita na Sala de Portugal da Sociedade de Geografia de Lisboa, em 9 de Maio de 1942. Na sessão solene de encerramento da «Semana Colonial» - Fernando Emygdio da Silva, prof. da Faculdade de Direito

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Música de fundo: "PILGRIM'S CHORUS", from "TANNHÄUSER OPERA", Author RICHARD WAGNER
«Salazar - O Obreiro da Pátria» - Marca Nacional (registada) nº 484579
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