29 de março de 2024   
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«Apresentamos a Vossa Excelência as nossas saudações.

As relações entre os nossos dois países datam de há séculos e têm sido postas à prova em tempos difíceis, tendo demonstrado a sua firmeza.
Séculos atrás, quando a Etiópia foi ameaçada de invasão proveniente dos territórios seus vizinhos e se encontrava prestes a sucumbir, o Governo e o povo portugueses, convencidos de que uma distante nação cristã não devia desaparecer da Terra, auxiliaram a Etiópia, habilitando assim os etíopes daquele tempo a repelir os invasores e assegurar a sua independência e o seu modo de vida cristão. A Etiópia sempre permanecerá grata ao Governo e ao povo portugueses pelo auxílio então prestado. Todavia, enquanto atribuímos tão elevado valor à liberdade, não podemos consentir em que outros africanos continuem sob opressão em troca da liberdade de que nós desfrutamos. Cremos que também eles têm o pleno direito de gozar da liberdade.
A Assembleia Geral das Nações Unidas tem recomendado a Portugal, em diversas ocasiões, que conceda a independência aos povos de Angola e de Moçambique a fim de que se tornem senhores do seu destino. A Etiópia, cônscia do facto de que Portugal atribui um alto valor à liberdade e convencida de que Portugal concederá a independência aos povos de Angola e Moçambique, tem apoiado confiadamente as resoluções da Assembleia Geral das Nações Unidas.
A questão das colónias portuguesas foi novamente levantada durante a histórica Conferência Africana em alto nível realizada na nossa capital, a cidade de Adis-Abeba, em Maio deste ano. Na Conferência em alto nível os Chefes dos Estados e dos Governos africanos concordaram unanimemente em que Portugal deve conceder independência às suas colónias. Foi igualmente decidido que, caso o Governo Português não correspondesse favoravelmente a esse pedido, todos os países africanos independentes deveriam cortar as suas relações diplomáticas e cessar todas as transacções comerciais com Portugal.
Recordando os velhos laços históricos entre os nossos dois países e convencidos de que Portugal concederá independência aos povos sob seu domínio colonial, resolvemos, com o propósito de dirigir um apelo final ao Governo de V. Exa., endereçar-lhe esta carta e enviar-lhe um representante especial. Esperamos confiadamente que V. Exa., e o seu Governo tomarão em devida consideração o nosso pedido e verão a possibilidade de cumprir as resoluções adoptadas pela Assembleia Geral das Nações Unidos e da Conferência em alto nível dos Chefes dos Estados e dos Governos africanos.»

(Continua)


POLÍTICA ULTRAMARINA (18)

Relações diplomáticas entre Portugal e a Etiópia

Cartas trocadas entre o Imperador Hailé Selassié e o Presidente do Conselho de Portugal, Dr. Oliveira Salazar.
Carta do Imperador Hailé Selassié I a sua excelência o Presidente do Conselho, de 17 de Junho de 1963 (I de VI)

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Música de fundo: "PILGRIM'S CHORUS", from "TANNHÄUSER OPERA", Author RICHARD WAGNER
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