29 de março de 2024   
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(Continuação)

divertimentos passivos, fazê-los colaborar, enriquecer a sua própria vida e a dos outros — mas isto desde cedo, antes que a preguiça da revista ilustrada de escândalos, do cinema, da televisão, do futebol, dos longos estágios nas cabinas abafadas das discotecas se tornem um hábito e depois um vício. Se o não fizermos, todo o nosso esforço nos outros planos pode resultar nulo. Porque, se não criarmos amorais ou estróinas, podemos criar essas figuras apagadas e melancólicas de jovens desencantados, bocejantes, velhos antes do tempo — e daí às outras formas extremas da crise é um passo, porque o jovem que se enfastia tenderá a procurar no excesso de prazer a alegria que lhe falta.
Em tudo isto, o papel mais importante cabe à mãe:

I — Amor do sacrifício, força de alma para pôr os interesses do lar acima de tudo, calando o egoísmo próprio, esquecendo as ilusões despedaçadas, calcando até, se for preciso, o orgulho de mulher — tudo para não deixar dissolver o que Deus quis unido — e o lar será seguro e estável;
II — Renúncia aos prazerzinhos inocentes, à largueza económica; santa pobreza de alma que nos imuniza contra o deslumbramento diante de uma indústria moderna diabolicamente tentadora — e talvez seja possível estar sempre em casa, ser a presença viva, ou pelo menos estar o mais tempo possível, mesmo com prejuízo de um êxito profissional, de uma melhoria económica ou de uma distracção agradável — e os filhos não se sentirão sós;
III — Propósito diário de não deixar cair na rotina o seu próprio catolicismo e o dos filhos. De o viver integralmente, ensinando hora a hora o respeito de Deus através do respeito pelos pais e do respeito pela casa de família; ensinando hora a hora ao filho o respeito por si próprio, pela parte mais nobre de si — e os filhos serão deveras filhos de Deus;
IV — Atenção constante à formação da personalidade, não no pobre sentido comum que alguns pseudo-educadores modernos dão a esta frase, considerando expressão de forte personalidade o que é muitas vezes manifestação das más tendências à solta; atenção à formação da personalidade no sentido de exaltação dos valores humanos, das virtualidades maravilhosas que a criança traz em si; no sentido do aproveitamento das tendências, do amor à obra que imuniza contra o tédio e o desespero vital — e os filhos serão amanhã homens amantes da Vida no seu mais amplo e mais completo sentido. É muito o que se espera da mãe moderna. É uma tarefa terrível que só uma alma tocada pela graça de Deus pode realizar, tão contraditórias são as exigências que implica. E tanto mais difícil, quanto é certo que os filhos parecem crescer hoje mais depressa que ontem, esquivar-se mais cedo à autoridade e à total compreensão paterna, solicitados por longos e complicados estudos em que muitas vezes a mãe já não pode nem sabe acompanhá-los.
Mas isso não deve intimidar, não intimida decerto nenhum coração de Mãe. Porque, antes de serem jovens universitários cheios de teorias, mulheres duras e combativas prevenidas contra a vida por leituras precoces, antes de serem rapazes e raparigas desenvoltos dos campos de trabalho e dos bailes ao som do «jazz», antes de serem mocidade desencantada ou sedenta de prazer — eles são para a Mãe os seus filhos, as almas que ela formou para Deus e onde deixou a marca indelével da sua própria alma.

(Fim)


O Problema da Educação (41)

Reflexões sobre o papel da mãe no mundo moderno, por Ester de Lemos - 1960

Estas palavras foram lidas pela primeira vez, a convite da Organização das Mães pela Educação Nacional (O. M. E. N.), durante as comemorações da semana da mãe, em 13 de Dezembro de 1959, no salão de festas do Liceu Maria Amália Vaz de Carvalho.
E repetidas, a convite da M. P. F., no Teatro do Palácio Foz, em 10 de Fevereiro de 1960.

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Música de fundo: "PILGRIM'S CHORUS", from "TANNHÄUSER OPERA", Author RICHARD WAGNER
«Salazar - O Obreiro da Pátria» - Marca Nacional (registada) nº 484579
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