28 de março de 2024   
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UM CAPÍTULO DE HISTÓRIA:
A CORRESPONDÊNCIA COM JOÃO FRANCO

A correspondência do Prof. Salazar com João Franco constitui um capítulo curioso da vida dos dois homens públicos, o primeiro sobrevivente do pessoal político da monarquia, o segundo inspirador do Estado Novo. Depois do regicídio, João Franco seguiu para o exílio, onde se conservou algum tempo, resolvido a abster-se, por completo, de intervir nas tentativas de restauração do regime que servira e no qual ocupara eminentes situações, a última das quais coincidiu com o período dramático que precedeu a proclamação do regime republicano. O velho estadista monárquico acompanhou, como se verifica pela sua carta, com interesse que excedia a vulgar paixão de mero observador, os sucessos do seu País. Regressado definitivamente a Portugal, instalou-se na sua casa de Alcaide, a que o ligavam elos sentimentais e familiares, deslocando-se raras vezes a Lisboa, onde se instalava em casa da sogra, uma magnífica residência às Janelas Verdes, que conserva a fisionomia tradicional. A transcrição das cartas que trocaram em 1929, pouco antes da morte de João Franco, tem um inegável interesse histórico, por desvendar as predilecções políticas do Chefe do Governo, depois do Movimento de 28 de Maio de 1926.
A carta que João Franco tomou a iniciativa de escrever ao Prof. Salazar tem a data de 5 de Março de 1929. O seu autor faleceu dias depois, em 5 de Abril daquele ano. Nela dizia o antigo Presidente do Conselho da monarquia:

(Ex.mo Sr. Oliveira Salazar, ministro das Finanças:
«Quem firma estas linhas não é já nada, nem ninguém, sem possibilidade de jamais voltar a sê-lo. É um velho de 74 anos, mais alquebrado ainda pela doença que pela idade e que a tudo assiste e vê, quieto e calado. Mas não se foi político por tantos anos e governante do País por não poucos também, sem se contraírem hábitos que formam como que uma segunda natureza. Um desses, e inveterado, é o de seguir com atenção e interesse os fenómenos da vida pública, podendo e devendo dizer respeito, no presente ou no futuro, a filho e netos que lhe fazem doce o viver.
«Acabo de folhear o seu relatório financeiro e, chegado à conclusão, disse convicta e unanimemente: «Sursum Corda». V. Ex.ª tem-se mostrado um homem raro de sinceridade e valor, sendo o ministro das Finanças de que Portugal carecia. Não oculto o dizer-lho. A cada um a sua mercê. Assim o pede a justiça e o quer Deus. Nada ganhará V. Ex.ª em lho escrever e eu também nada perco, mas sinto que me faz bem manifestar-lho. Com toda a consideração e simpatia me subscrevo de V. Ex.ª mt.° att.° e ven.or,
(a) João Franco.»


Documentos Políticos (16)

Correspondência de João Franco para Salazar, em 1929

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Música de fundo: "PILGRIM'S CHORUS", from "TANNHÄUSER OPERA", Author RICHARD WAGNER
«Salazar - O Obreiro da Pátria» - Marca Nacional (registada) nº 484579
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