15 de junho de 2025   


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EXPOSIÇÃO DO MUNDO PORTUGUÊS

Fui Comissário Geral da Exposição do Mundo Português, inaugurada pelo Senhor Presidente da República e pelo Governo na soberba esplanada de Belém em 23 de Junho de 1940, concebida, delineada, realizada e decorada, dentro de uma área de 450.000 metros quadrados, em pouco mais e um ano (ao todo dezassete meses) e encerrada em 2 de Dezembro do mesmo ano.
As funções oficiais que tive a honra de desempenhar durante esse período de tempo impõem-me o dever, que gostosamente cumpro, de neste Livro recordar a finalidade, os estímulos, o alcance e a repercussão desse grande certame, que constituiu, a meu ver, a maior manifestação de vitalidade espiritual e material realizada em Portugal nos últimos cinquenta ou sessenta anos. Porque a Exposição do Mundo Português, de facto, não valeu apenas (é sempre pouco repeti-lo) como memória, ilustração e exaltação do Passado, mas também como demonstração das nossas realidades actuais.
No prefácio do livro em que reuni os discurso que pronunciei na cerimónia de inauguração dos diversos pavilhões e os textos e artigos publicados durante esse período defini, em 1940, a Exposição como «um facto que obedeceu à continuidade dum pensamento nacional, que coordenou o esforço exaustivo de alguns dos mais representativos valores portugueses, que traduziu, com uma evidência que poucos respeitaram, as admiráveis energias e as possibilidades inesgotáveis do trabalho português, quando orientado, animado, dirigido por ideal superior e por cérebro tenaz e desinteressado». E acrescentei: Demonstrou-se que era possível elevar a vida e a consciência nacionais a um nível de unânime compreensão e a um ambiente de elevação colectiva que muitos supunham inatingíveis.
A oito anos de distância, esse grande acontecimento que foi a Exposição de Belém e o seu significado histórico e público continuam a surgir-nos, em toda a sua magnífica evidência, como exemplo de confiança, de solidariedade cívica, de demonstração de possibilidades criadoras, de forte e impressionante paz interior. É impossível evocar essa memorável comemoração sem pensar no homem excepcional que foi o inspirador, o orientador, o prestígio e a forte vontade que quiseram essa manifestação e que tornaram possível, interna e externamente, o momento nacional e evocador das Comemorações Centenárias: Salazar.
É impossível também evocar essa página da história que foi «o mostruário colorido do Restelo» sem recordar o nome, para sempre ligado à reconstrução material dum Portugal visto em grande, do Ministro Duarte Pacheco, uma das mais autênticas personalidades de estadista que, depois de Pombal e de Mouzinho da Silveira, passaram pelo Governo do País.
Sob a direcção, uma espiritual e superior e outra técnica e activa, desses dois homens; com a cooperação inexcedível da Câmara Municipal de Lisboa e daquele que foi, a esse tempo, seu presidente, o ilustre engenheiro Rodrigues de Carvalho, a Exposição do Mundo Português, erguida em face dos Jerónimos, na barra do Restelo, cingida pelo maravilhoso diadema do Tejo, ergueu durante quase seis meses as suas torres, os seus arcos, as suas muralhas, as suas sombras e as suas fachadas luminosas de simbólica Cidade da História de Portugal.
Primeira exposição de história que se realizou no Mundo, a Exposição de Belém tinha como objectivo constituir uma síntese da civilização portuguesa e da sua projecção universal. Reunir numa dúzia de frágeis construções, animadas pelo fulgor de grandes datas e seculares glórias, resumir numa efémera galeria de alegorias a imortalidade de oito séculos de criação, de expansão, de grandeza, de independência e de milagre do Povo Português: tais foram a finalidade e o programa desse Memorial de Mortos e Lição de Vivos.
Artisticamente essa Cidade de ilusões, ideada e construída apenas sobre motivos espirituais e culturais, oferecia aos arquitectos, engenheiros, animadores e decoradores que tiveram de a realizar uma enorme dificuldade: era preciso aliar ao maciço Arquitectónico das evocações históricas e plásticas que deveriam constituir, como um álbum de imagens, os diferentes pavilhões a hierática presença da tradição histórica à indispensável fusão de motivos modernos. Essa tarefa e esse esforço, em que trabalharam cinco mil operários, dezassete arquitectos, quinze engenheiros, quarente e três pintores-decoradores, com cento e vinte e nove auxiliares, mais de mil modeladores-estucadores, sob a direcção de sete chefes, e em que colaboraram alguns dos mais altos nomes da historiografia e da cultura portuguesas, foram dirigidos (sob a acção e competência superiores do incomparável empreendedor e animador que foi o Ministro Duarte Pacheco) pelo talento cintilante e sugestivo desse verdadeiro «mestre da Renascença», o arquitecto chefe Cottinelli Telmo, e pela brilhantíssima inteligência e qualidades profissionais, pela actividade tenaz e calma desse notável organizador que é o engenheiro Sá e Melo, incansável comissário adjunto da Exposição.
Evocando hoje nestas páginas, consagradas à acção patriótica e altamente meritória que o Ministério das Obras Públicas tem nos últimos anos exercido na renovação da vida portuguesa; recordando, nesse espírito, o exemplo e a irradiação da obra da Exposição do Mundo Português, a que presidi, quero mais uma vez traduzir a expressão do reconhecimento devido àqueles que foram os obreiros dessa bela e radiante data de reconstrução espiritual e material da Nação, para sempre ligada ao certame de Belém – e aqueles que a tornaram nacionalmente possível.
Ela aqui fica, com as saudades de uma inextinguível camaradagem de quase três anos.

Augusto de Castro
Comissário Geral da Exposição do Mundo Português

(Continua)

(Parte CXXXIX de …)


15 Anos de Obras Públicas – 1.º Vol. Livro de Ouro 1932-1947 (139)

(Fonte: 15 Anos de Obras Públicas – 1.º Vol. Livro de Ouro 1932-1947 – EXPOSIÇÃO DO MUNDO PORTUGUÊS – Augusto de Castro – Comissário Geral da Exposição do Mundo Português)

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Carlos Luz


Digo-o sempre em sua honra e memória: Parabéns ao Dr. Salazar, um grande chefe de estado!

Nelson


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